Benvindos a ACLA, o destino natural de todo espírito nobre, justo e denodado que morre pela causa em campo de batalha, tais como Augusto dos Anjos, Euclides da Cunha, Emílio de Menezes, Cândido Portinari etc e desfrutam do carinho incondicional de seus fãs ao longo das gerações.Pena que aqui, só entram na horizontal...
quinta-feira, 25 de dezembro de 2014
quinta-feira, 18 de dezembro de 2014
quinta-feira, 11 de dezembro de 2014
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
quinta-feira, 27 de novembro de 2014
FEDERICO GARCIA LORCA, ILUMINAI-NOS! * ANTONIO CABRAL FILHO - RJ
FEDERICO GARCIA LORCA
vítima da homofobia nazifascista espanhola,
foi fuzilado pelas milícias franquista em
Víznar, no dia 19 de agosto de 1936 e seu corpo atirado de um barranco da serra Nevada.
O livro acima me acompanha desde os tempos em que eu precisava juntar dinheiro, centavo por centavo, para adquirir um livro e esta edição é de 1973, tempo da ditadura militar no Brasil, época em que eu cursava teatro nos dias de folga do quartel, uma vez que era militar.
*
ANTOLOGÍA DE LA
LITERATURA
ESPAÑOLA
DEL SIGLO XX
Arturo Ramoneda.
Este livro aborda a literatura espanhola desde meados do século 19 até aos anos 70 e tem sido a minha enciclopédia, além da internet.
*
DISCUTINDO LITERATURA
Ano 2 Nº 12 2009
www.discutindoliteratura.com.br
A revista acima trás excelentes textos sobre Garcia Lorca.
*
ACESSEM
FEDERICO GARCIA LORCA
http://www.garcia-lorca.org/Home/Home.aspx
***
sexta-feira, 21 de novembro de 2014
quinta-feira, 20 de novembro de 2014
MANOEL DE BARROS, BEM VINDO AO OLIMPO! * ANTONIO CABRAL FILHO - RJ
MANOEL DE BARROS,
poeta do mato-grosso,
recebe agora os aplausos
de todos os olimpianos!
http://www.fmb.org.br/index.php?idp=4
***
segunda-feira, 10 de novembro de 2014
sábado, 1 de novembro de 2014
sábado, 25 de outubro de 2014
segunda-feira, 20 de outubro de 2014
sábado, 18 de outubro de 2014
sábado, 4 de outubro de 2014
RUBEM ALVES, PENSADOR * ANTONIO CABRAL FILHO - RJ
RUBEM ALVES, PENSADOR
http://rubemalves.com.br/site/
*
A parábola dos talentos – Rubem Alves
Havia um homem muito rico, possuidor de vastas propriedades, que era apaixonado por jardins. Os jardins ocupavam o seu pensamento o tempo todo e ele repetia sem cessar: O mundo inteiro ainda deverá transformar-se num jardim. O mundo inteiro deverá ser belo, perfumado e pacífico. O mundo inteiro ainda se transformará num lugar de felicidade.
As suas terras eram uma sucessão sem fim de jardins, jardins japoneses, ingleses, italianos, jardins de ervas, franceses. Dava muito trabalho cuidar de todos os jardins. Mas valia a pena pela alegria. O verde das folhas, o colorido das flores, as variadas simetrias das plantas, os pássaros, as borboletas, os insectos, as fontes, as frutas, o perfume… Sozinho ele não daria conta Por isso anunciou que precisava de jardineiros. Muitos se apresentaram e foram empregados.
Aconteceu que ele precisou de fazer uma longa viagem. Iria a uma terra longínqua comprar mais terras para plantar mais jardins. Assim, chamou três dos jardineiros que contratara, e disse-lhes: Vou viajar. Ficarei muito tempo longe. E quero que vocês cuidem de três dos meus jardins. Os outros, já providenciei quem cuide deles. A você, Paulo, eu entrego o cuidado do jardim japonês. Cuide bem das cerejeiras, veja que as carpas estejam sempre bem alimentadas… A você, Hermógenes, entrego o cuidado do jardim inglês, com toda a sua exuberância de flores espalhadas pelas rochas… E a você, Boanerges, entrego o cuidado do jardim mineiro, com romãs, hortelãs e jasmins.
Complete aqui...
http://contadoresdestorias.wordpress.com/2012/02/19/o-prazer-da-leitura-rubem-alves/
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quinta-feira, 2 de outubro de 2014
ROSÁRIO FUSCO, MEUS AMIGOS! * ANTONIO CABRAL FILHO - RJ
ROSÁRIO FUSCO, MEUS MENINOS! Antonio Cabral Filho - Rj
1 - Rosário Fusco: quem é...http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_lit/index.cfm?fuseaction=biografias_texto&cd_verbete=8769
2 - Opinião:
Rosário Fusco, “o gigante voraz”
by Daniel De Luccas • • 1 Comment
Escritor mineiro admirado por Mário e Oswaldo de Andrade hoje é quase desconhecido.
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Ronaldo Werneck | Hoje em Dia
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rosário fusco o que foi físsil rosário fósforo
foi-se de fato lume fora do fusco do rastro do risco
que já foi sim e não porque nunca foi nunca foi-se de fato
rito rosto rateio ritmo rumo ruminação relíquia
foi-se de fato lume fora do fusco do rastro do risco
que já foi sim e não porque nunca foi nunca foi-se de fato
rito rosto rateio ritmo rumo ruminação relíquia
.
“Morreu de talento. É a urna de cinzas detergentes do modernismo” — ele declarava sobre Oswald de Andrade, na entrevista que eu e Joaquim Branco fizemos para o Pasquim, em 1976. Parecia falar de si mesmo, de seu talento, que lembrava o de Oswald. Há 35 anos, no dia 17 de agosto de 1977, morria em Cataguases o escritor Rosário Fusco. Nascido em 19 de julho de 1910 em São Geraldo (MG), Fusco veio com um mês para a cidade onde se tornaria, ainda adolescente, um dos fundadores e enfant terrible da revista Verde. Lançada em 1927, a Verde foi um dos principais braços do movimento modernista em Minas Gerais. Após longo périplo “oropa-frança-bahia” (Rio /Paris/Nova Friburgo), Rosário Fusco voltou em 1968 para Cataguases, onde ficou até o final da vida. Em 2010, o seu centenário de nascimento passou praticamente esquecido. “Lá se foi o velho Rosário Fusco” – escrevia o cronista José Carlos Oliveira no Jornal do Brasil de 21 de agosto de 1977, quatro dias após a morte do romancista: “um gigante voraz, andarilho infatigável que viveu (vivenciou, se preferirem) a aventura antropofágica proposta pelos modernistas. Cosmopolita, para onde quer que fosse levava um coração provinciano. Teria que terminar em Cataguases, misteriosa cidade com vocação de radioamador – dentro das casas, nos bares, na praça, na modorra da roça é apenas uma prevenção de forasteiro: na verdade, Cataguases está em febril contato com o mundo, é pioneira em cinema, em literatura, em arquitetura”.
Cataguases deve muito a Rosário Fusco, verdadeiro motor da revista Verde, um vulcão que escrevia, ilustrava, diagramava, mandava (e recebia) cartas pra todo mundo – principalmente para o modernista Mário de Andrade. Com um mês de idade e órfão de pai, Rosário Fusco de Souza Guerra chega a Cataguases com a mãe, lavadeira. Duro início de vida: aprendiz de latoeiro, servente de pedreiro, pintor de tabuletas, prático de farmácia, professor de desenho, bedel no Ginásio.
Aos 15 anos, já colaborava no Mercúrio, jornal dirigido por Guilhermino César, e logo em dois outros jornaizinhos, Boina e Jazz Band. Com José Spindola Santos, edita Itinerário — e juntos fundam a livraria-editora Spindola & Fusco. Aos 17, é um dos criadores da Verde e, aos 18, publica “Poemas Cronológicos”, com Enrique de Resende e Ascânio Lopes (1928). Em 1932, muda-se para o Rio de Janeiro, onde forma-se em Direito em 1937.
Cataguases deve muito a Rosário Fusco, verdadeiro motor da revista Verde, um vulcão que escrevia, ilustrava, diagramava, mandava (e recebia) cartas pra todo mundo – principalmente para o modernista Mário de Andrade. Com um mês de idade e órfão de pai, Rosário Fusco de Souza Guerra chega a Cataguases com a mãe, lavadeira. Duro início de vida: aprendiz de latoeiro, servente de pedreiro, pintor de tabuletas, prático de farmácia, professor de desenho, bedel no Ginásio.
Aos 15 anos, já colaborava no Mercúrio, jornal dirigido por Guilhermino César, e logo em dois outros jornaizinhos, Boina e Jazz Band. Com José Spindola Santos, edita Itinerário — e juntos fundam a livraria-editora Spindola & Fusco. Aos 17, é um dos criadores da Verde e, aos 18, publica “Poemas Cronológicos”, com Enrique de Resende e Ascânio Lopes (1928). Em 1932, muda-se para o Rio de Janeiro, onde forma-se em Direito em 1937.
Fusco só escrevia à mão com uma velha e rombuda Parker 51
Romancista, funcionário federal, dramaturgo, poeta, jornalista, publicitário, radialista, crítico literário, ensaísta, secretário da Universidade do Distrito Federal e procurador do Estado do Rio de Janeiro. Muitos cargos para um homem só, mesmo um muito enorme e da melhor qualidade como Rosário Fusco. Melhor dizer, simplesmente, profissão: escritor. Mesmo porque ele foi o primeiro escritorbrasileiro a ser reconhecido como tal pelo antigo INPS. Em meados dos anos 1960, ele volta para Cataguases. “Onde anda Rosário Fusco?” – (se) perguntava, em 1996, um poeta da terra. Por acaso, eu mesmo. “Onde andam o vozeirão, a velha e rombuda Parker 51, anotando trechos ou gravando situações que irão compor um próximo romance?” Fusco só escrevia à mão: “assim me sinto mais ligado ao que estou escrevendo. Além de péssimo datilógrafo, a máquina me distancia das coisas, da densidade dos corpos”. Onde andam o imponderável bigode mexicano, a larga risada, o humor, a lágrima, o uísque, o cigarro, a panela com água fazendo de cinzeiro (magnífica invenção!), a lustradíssima bota do menino Rosário – aquela que ficava sobre a mesa do seu escritório na casa do bairro da Granjaria? Onde andam aquela panela, aquela bota? Como a bota de Van Gogh, uma de suas admirações “do rol dos confessáveis (as outras; Machado de Assis, Dostoievski, Beethoven). Mas que coisa é Rosário Fusco, que coisa entre coisas, entre todas as coisas é R.F.”?
Obras
De 1928 a 1969 – quando a Editora Mondadori lançou na Itália seu romance L’Agressore, editado em 1943, no Rio, pela José Olympio, Fusco publica inúmeros títulos em vários gêneros: Fruta de Conde, poesia, em 1929; Amiel, ensaio, 1940; O Livro de João, 1944; Carta à Noiva, 1954; O Dia do Juízo, 1961, romances; Vida Literária, crítica, 1940, Introdução à Experiência Estética, ensaio, 1949; Anel de Saturno e O Viúvo, de 1949, teatro; e Auto da Noiva, farsa, 1961. A Ateliê Editorial publicou seu romance póstumo a.s.a.: associação dos solitários anônimos.
Em 1976, sai nova edição de O Agressor, pela a Editora Francisco Alves. O mesmo romance é também republicado cm 2000, pela Bluhum. Em 2003, a Ateliê Editorial lança um romance inédito do escritor, a.s.a. – associação dos solitários anônimos. Existem ainda outros inéditos, comoVachachuvamor, romance; Um Jaburu na Tour Eiffel, livro de viagem; eCreme dc Pérolas, poemas eróticos.
Vida e Morte
Que coisa é Rosário Fusco? Um escritor e basicamente um romancista, com toda a sua danação e glória: “Tenho perdido ônibus, bondes, empregos, amizades. Nunca perdi a vontade de escrever… Não sei, em verdade, porque escrevo, se todos escrevem, se há tantas coisas na vida menos melancólicas e mais eficientes.., Vivo – quem não vive? — sob o signo do imprevisto, que manda chuva e manda guerra, protestos de títulos e cobradores à porta, falta de manteiga e falta de afeição, aumento do preço do cinema ou dores de cabeça, irremovíveis. Vivo num mundo onde poucos penetram e, se penetram, faço tudo para não deixá-los sair… Escrever é um mal, é um bem, é um erro? É tudo isso e não é nada disso: é uma fatalidade, para encurtar palavras”.
Em sua crônica quando da morte do escritor, Carlinhos Oliveira brinda à vida e faz de suas palavras a melhor das elegias para Rosário Fusco: “Curiosamente, não recebo com tristeza a notícia de sua morte. Ele viveu intensamente, não desprezou nada, comeu e bebeu e estudou a vida com furor implacável. Não provou do veneno dos românticos, mergulhou de cabeça na festa, e cada minuto de sua vida foi sem duvida uma vitória contra a insidiosa inimiga”. Sim, Rosário Fusco viveu e morreu de talento…
Fontes:1 - INÉDITOS Revista Literárias nº 2 - julho-agosto, 1976;
2 - http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_lit/index.cfm?fuseaction=biografias_texto&cd_verbete=8769 ;
3 - http://blog.atelie.com.br/2012/10/rosario-fusco-o-gigante-voraz/#.U2Pu6fldW5M
***
quarta-feira, 1 de outubro de 2014
ANTOLOGISTA MINEIRO WAGNER RIBEIRO * ANTONIO CABRAL FILHO - RJ
ANTOLOGIA LUSO
BRASILEIRA
WAGNER RIBEIRO,
FTD 1964
*
Wagner Ribeiro é mineiro de Patos de Minas, nascido em 1913, foi professor, irmão marista e profícuo antologista, além de poeta. Numa rápida busca virtual, constatei que a lista de livros de sua autoria é grande, embora não tenha encontrado documentação sobre ele, sequer no Acervo de Escritores Mineiros da UFMG.
Este livro acima me acompanha há muitos anos, mais devido às notas sobre o vocabulário dos autores estudados nele, o que de certa forma ajuda-me no enriquecimento vocabular ao escrever.
Vou transcrever a seguir o único texto de sua autoria incluído neste livro, com o devido respeito à sua ortografia....
DEFUNTO FUGIDO
No dia em que morreu o coronel Monteiro,
Na fazenda do Ipê, pelas quatro da tarde,
ouvimos um estouro!... Espalhou-se um mau cheiro
de enxôfre em toda a casa!... E com bulhento alarde,
anuns pretos faziam algazarra. Que medo!
Era de arripiar os cabelos da gente...
De batuque infernal, que grotesco arremêdo!
Essa dança macabra, horrenda, felizmente
pouco tempo durou. Todo o mundo inda jura:
- "Do infeliz fazendeiro o cadáver sumiu.
Não havendo remédio, em tanta conjuntura,
a não ser... a família, (ora, onde é que se viu!)
Mandar amortalhar um palanque de cedro,
que recebeu, na igreja, as orações litúrgicas
em lugar do defunto!..." - assim, disse o ti' Pedro.
Evitaram-se, então, versões estapafúrdias:
Diziam que "o Monteiro havia feito trato
com o demônio"! Ora vejam! Eu cá, por mim, não creio
em almas do outro mundo. Agora, escutem um fato,
um caso verdadeiro, embora, de permeio,
encerre algum floreio - a estória é impressionante!
Tinha que acontecer comigo!
De uma feita,
(Moro em Campo Florido), houve um sarau dançante
em Pirajuba. Não, jamais hei de olvidar,
jamais hei e esquecer! Uma festa legal!
Quando enfim terminou, eu pensei em voltar.
Fui buscar meu cavalo e montei.
- Pessoal, adeus!
Escureceu. Teremos tempestade,
Pensei com meus botões. Negra a noite ficara.
Que cavalo valente! O alazão na verdade
é o melhor animal! Eis que o matungo pára.
- Alazão, Alazão! Deixa deste tremor!
Estás passarinhando? (E esta chuva não cessa.
Eu nutria também meu receio e temor)
O' meu pingo, olha lá não me aprontes mais essa!
Ressabiado, bufou e voltou-se, empinando.
Forçoso era ceder ao querer do animal.
Eis que, à luz de um corisco, enxerguei, embargando
a passagem, um vulto...
- É um ébrio? Vai mal!
Ei! Saia do caminho, aí, seu cachaceiro!
Não deu resposta alguma. Empunhei a garrucha.
Ia até fazer fogo. Apeei. Quis primeiro
me benzer: - Deus me ajude! Estou com medo! Puxa!
Não seria um defunto, a tal hora, na estrada,
em fraldas de camisa, encostado num fardo?
- Um bêbedo, pensei de novo; e assim, não tardo
a retomar a estrada, estando mais tranquilo:
É que vinha parando a chuva e que os coriscos
haviam já cessado. entretanto, eis que "aquilo"
não mais me preocupava e nem causava riscos...
Duas léguas além, avistei, num instante,
um rancho, com bom fogo aceso, em derredor
de um velho caldeirão com feijão fumegante,
homens a discutir, do braseiro ao calor.
Bem. Ao me aproximar, o que enxerguei, parado
a pequena distância, era um carro de bois.
Girava a discussão, em tom acalorado
sobre um assunto tal, que, somente depois,
me foi dado entender.
Logo que eles me viram,
disseram: - "Ó seu moço, encontrou um defunto
por aí, nesta estrada? - Ah! Meus olhos se abriram:
Pois então, era esse o debatido assunto?!"
- Sim, talvez, respondi: logo depois da balsa?
ao subir a ladeira...
- E agora! Eu não dizia
que o ladrão do defunto ia deixando a calça,
só por ter pertencido ao Padre Zé Maria?!...
E raspou-se o danado!
- Agora demos fé:
Como estava a dormir, vejam só que tratante!
Decerto, foi correndo atras do arrastapé,
de pagode qualquer! Onde está nesse instante?
- Lá no meio da estrada. Ele vem encostado
num negócio esquisito: uma tora qualquer.
- Há de ser um jacá, onde estava amarrado,
coitadinho. E eu aqui, mau juízo a fazer:
Disseram cada coisa, acerca do finado!
Que ele era feiticeiro, amansador de gente
brava, que sei lá eu!
- Como tinham pintado
o infeliz!Mesmo agora, oh! que sorete inclemente!
O morto vinha vindo em cima do jacá;
ao subir a ladeira, ele, degringolando,
deslizou e deixando a calça (pois, quem há
de negar) enguiçada em qualquer felpa, quando,
nem dando pela falta, os demais viajantes,
prosseguiram a jornada, em tempo tão chuvoso...
...................................................................................
E foi assim que ali, àqueles circunstantes,
foi dado esclarecer um caso tenebroso:
Tinha o pobre defunto apenas deslizado,
pela mesa do carro, e em que noite, coitado!
***
terça-feira, 30 de setembro de 2014
CECÍLIA MEIRELES, ADAGIO * ANTONIO CABRAL FILHO - RJ
CECÍLIA MEIRELES
Xilogravura de Graciela Fuensalida
Edição Companhia Aguilar Editora 1972.
SAIBA MAIS
http://historiadapoesia.blogspot.com.br/2009/07/cecilia-meireles.html
SAIBA MAIS
http://historiadapoesia.blogspot.com.br/2009/07/cecilia-meireles.html
*
O LUGAR
Entre o Pão de Açúçar
e o Cara de Cão,
com duzentos homens,
nosso Capitão
fundava a cidade
de S. sebastião.
Os homens, de grande altura,
nas nuvens se vão perder.
A pedra do Pão de Açúcar
à beira da água se vê.
Cedros e sândalos bravos
e o pau chamado Brasil
crescem por todos os lados
nas verdes matas daqui.
Rios, pântanos, lagoas,
paludes - no mole chão.
Pelos ares de ouro voam
canindés, maracanãs,
que aves são de belas penas
com que o índio sabe enfeitar
mantos, tacapes, diademas,
arco, flechas, e cocar.
*
domingo, 28 de setembro de 2014
sexta-feira, 26 de setembro de 2014
quarta-feira, 24 de setembro de 2014
segunda-feira, 22 de setembro de 2014
sábado, 20 de setembro de 2014
quinta-feira, 18 de setembro de 2014
JOÃO GUIMARÃES ROSA / SER TÃO MINEIRO * Antonio Cabral Filho - Rj
quarta-feira, 17 de setembro de 2014
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE, O GAUCHE * Antonio Cabral Filho - Rj
-Antologia da Lapa, Gasparino Damata, Codecri 1978-
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
http://www.carlosdrummond.com.br/
*
terça-feira, 16 de setembro de 2014
MANUEL BANDEIRA, DESDE A LAPA * Antonio Cabral Filho =- Rj
MANUEL BANDEIRA
http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=249
*
segunda-feira, 15 de setembro de 2014
domingo, 14 de setembro de 2014
MÁRIO DE ANDRADE / MACUNAIMA * Antonio Cabral Filho - Rj
MÁRIO DE ANDRADE
por
Tarsila do Amaral
*
Biblioteca Mário de Andrade
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/bma/
*
http://www.pactoaudiovisual.com.br/mestres_final/mario/transcricao.htm
*
sábado, 13 de setembro de 2014
sexta-feira, 12 de setembro de 2014
MACHADO DE ASSIS / CAROLINA * Antonio Cabral Filho - Rj
MACHADO DE ASSIS
TODA A POESIA
http://machado.mec.gov.br/index.php/obra-completa-menu-principal-173/165-poesia
***
quinta-feira, 11 de setembro de 2014
LIMA BARRETO / POLICARPO QUARESMA * Antonio Cabral Filho - Rj
quarta-feira, 10 de setembro de 2014
CRUZ E SOUZA, ETERNO * Antonio Cabral Filho - Rj
CRUZ E SOUZA
(http://biografias100.blogspot.com.br/2013/06/cruz-e-sousa-biografia-obras-e.html)
*
Cruz e Sousa - biografia, obras e características
Artigo sobre a vida, obras e características de João Cruz e Sousa grande escritor do Simbolismo no Brasil.
Cruz e Sousa
João da Cruz e Sousa nasceu em Desterro, atual Florianópolis. Filho de escravos alforriados pelo Marechal Guilherme Xavier de Sousa, seria acolhido pelo Marechal e sua esposa como o filho que não tinham. Foi educado na melhor escola secundária da região, mas com a morte dos protetores foi obrigado a largar os estudos e trabalhar.
Foi diretor do jornal abolicionista Tribuna Popular em 1881. Dois anos mais tarde, foi nomeado promotor público de Laguna (SC), no entanto, foi recusado logo em seguida por ser negro.
Em 1890 vai para o Rio de Janeiro, onde entra em contato com a poesia simbolista francesa e seus admiradores cariocas. Colabora em alguns jornais e, mesmo já bastante conhecido após a publicação de Missal e Broquéis (1893), as quais são consideradas o marco inicial do Simbolismo no Brasil que perduraria até 1922 com a Semana de Arte Moderna, só consegue arrumar um emprego miserável na Estrada de Ferro Central.
Casa-se com Gavita, também negra, com quem tem quatro filhos, dois dos quais vêm a falecer precocemente por tuberculose. Sua mulher enlouquece e passa vários períodos em hospitais psiquiátricos.
Foi o escritor quem cuidou da esposa, em casa mesmo. Essa é a temática de muitos poemas de Cruz e Sousa. A linguagem de Cruz e Sousa, herdada do Parnasianismo, é requintada, porém criativa, na medida em que dá ênfase à musicalidade dos versos por intermédio da exploração dos aspectos sonoros dos vocábulos.
Cruz e Sousa faleceu aos 36 anos, em 19 de março de 1898, vítima do agravamento no quadro de tuberculose.
Veja um trecho do poema “Cristais”, no qual é claro o uso da sinestesia, recurso estilístico que associa dois sentidos ou mais (audição, visão, olfato, etc.):
Mais claro e fino do que as finas pratas
o som da tua voz deliciava…
Na dolência velada das sonatas
como um perfume a tudo perfumava.
Era um som feito luz, eram volatas
em lânguida espiral que iluminava,
brancas sonoridades de cascatas…
Tanta harmonia melancolizava.
Filtros sutis de melodias, de ondas
de cantos volutuosos como rondas
de silfos leves, sensuais, lascivos…
Como que anseios invisíveis, mudos,
da brancura das sedas e veludos,
das virgindades, dos pudores vivos.
Principais obras de Cruz e Sousa
- Missal (prosa)
- Broquéis (poesia)
- Tropos e fantasias
- Faróis
- Últimos soneto
- Evocações
- Sorriso interior
- Triunfo Supremo
- Vida obscura
Principais características das obras de Cruz e Sousa
- No plano temático: a morte, a transcendência espiritual, a integração cósmica, o mistério, o sagrado, o conflito entre matéria e espírito, a angústia e a sublimação sexual, a escravidão e uma verdadeira obsessão por brilhos e pela cor branca;
- No plano formal: as sinestesias, as imagens surpreendentes, a sonoridade das palavras, a predominância de substantivos e o emprego de maiúsculas, utilizadas com a finalidade de dar um valor absoluto a certos termos e o uso metáforas
Trechos de obras de Cruz e Sousa
INEFÁVEL
Nada há que me domine e que me vença
Quando a minha alma mudamente acorda... Ela rebenta em flor, ela transborda Nos alvoroços da emoção imensa. Sou como um Réu de celestial sentença, Condenado do Amor, que se recorda Do Amor e sempre no Silêncio borda De estrelas todo o céu em que erra e pensa. Claros, meus olhos tornam-se mais claros E tudo vejo dos encantos raros E de outras mais serenas madrugadas! Todas as vozes que procuro e chamo Ouço-as dentro de mim porque eu as amo Na minha alma volteando arrebatadas |
ANTÍFONA
Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves, de neblinas! Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas... Incensos dos turíbulos das aras Formas do Amor, constelarmente puras, De Virgens e de Santas vaporosas... Brilhos errantes, mádidas frescuras E dolências de lírios e de rosas ... Indefiníveis músicas supremas, Harmonias da Cor e do Perfume... Horas do Ocaso, trêmulas, extremas, Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume... Visões, salmos e cânticos serenos, Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes... Dormências de volúpicos venenos Sutis e suaves, mórbidos, radiantes ... Infinitos espíritos dispersos, Inefáveis, edênicos, aéreos, Fecundai o Mistério destes versos Com a chama ideal de todos os mistérios. Do Sonho as mais azuis diafaneidades Que fuljam, que na Estrofe se levantem E as emoções, todas as castidades Da alma do Verso, pelos versos cantem. Que o pólen de ouro dos mais finos astros Fecunde e inflame a rima clara e ardente... Que brilhe a correção dos alabastros Sonoramente, luminosamente. Forças originais, essência, graça De carnes de mulher, delicadezas... Todo esse eflúvio que por ondas passa Do Éter nas róseas e áureas correntezas... Cristais diluídos de clarões alacres, Desejos, vibrações, ânsias, alentos Fulvas vitórias, triunfamentos acres, Os mais estranhos estremecimentos... Flores negras do tédio e flores vagas De amores vãos, tantálicos, doentios... Fundas vermelhidões de velhas chagas Em sangue, abertas, escorrendo em rios... Tudo! vivo e nervoso e quente e forte, Nos turbilhões quiméricos do Sonho, Passe, cantando, ante o perfil medonho E o tropel cabalístico da Morte... |
SIDERAÇÕES
Para as Estrelas de cristais gelados
As ânsias e os desejos vão subindo, Galgando azuis e siderais noivados De nuvens brancas a amplidão vestindo... Num cortejo de cânticos alados Os arcanjos, as cítaras ferindo, Passam, das vestes nos troféus prateados, As asas de ouro finamente abrindo... Dos etéreos turíbulos de neve Claro incenso aromal, límpido e leve, Ondas nevoentas de Visões levanta... E as ânsias e os desejos infinitos Vão com os arcanjos formulando ritos Da Eternidade que nos Astros canta... |
O BOTÃO DE ROSA
O campo abrira o seio às expansões frementes
das árvores senis, dos galhos viridentes. Caía a tarde fresca Loira, gentil, vivaz como a canção tudesca. A iluminada esfera Calma, profunda, azul como um sonhar de virgem, Dava um brilho-cetim às verdes folhas d'hera. No ar uma harmonia avigorada e casta, No crânio uma vertigem Duma ideia viril, duma eloquência vasta. Tardes formosíssimas, Ó grande livro aberto aos geniais artistas, Como tanto alargais as crenças panteístas, Como tanto esplendeis e como sois riquíssimas. Quanta vitalidade indefinida, quanta, Na pequenina planta, No doce verde-mar dos trêmulos arbustos, Que misticismo, justos, Bebia a alma inteira ao devassar o arcano Das árvores titãs, das árvores fecundas Que tinham, como o oceano, Febris palpitações intérminas, profundas. Esplêndidas paisagens, Opunha o largo campo às vistas deslumbradas. As múrmuras ramagens, À luz serena e terna, à luz do sol - que espadas De fogo arremessava, em frêmitos nervosos, Pelo côncavo azul dos céus esplendorosos, Tinham falas de amor, segredos vacilantes Finos como os brilhantes. A música das aves Cortava o éter calmo, em notas multiformes, Límpidas e graves Que estouravam no ar em convulsões enormes. Aqui e além um rio Serpejava na sombra, em meio de um rochedo Áspero e sombrio. O olhar perscrutador, o grande olhar, sem medo E o espírito mudo, Como um herói gigante avassalavam tudo... Nuns madrigais risonhos Abria-se o país fantástico dos sonhos. Alavam-se os aromas Leais, inexauríveis Das largas e invisíveis Selváticas redomas. A seiva rebentava Em ondas - irrompia Na doce e maviosa e plácida alegria De uma ave que cantava, Dos belos roseirais Que ostentavam a flux as rosas virginais. E as jubilosas franças Dos arvoredos altos, Rígidos, atléticos, Derramavam no campo uns fluidos magnéticos Dumas vontades mansas. A doce alacridade ia explodindo aos saltos. E toda a natureza Robusta de saúde e estrênua de grandeza Libérrima e vital, Erguia-se pujante, audaz e redentora, No gérmen material da força criadora, Dentre a vida selvagem, mística, animal... Dos roseirais preciosos Nos renques primorosos, Numa linda roseira abria castamente, Como um sonho de luz numa cabeça ardente, O mais belo, o mais puro entre os botões de rosa. Tinha essa cor formosa, Tinha essa cor da aurora, Quando ensanguenta em rubro a vastidão sonora. Era um botão feliz Sorrindo para o Azul, zombando da matéria. Tinha o leve quebranto e a maciez etérea Que uma estrofe não diz. Das pétalas macias, Das pétalas sanguíneas, Doces como harmonias Brandas e velutíneas Uns perfumes sutis se espiralavam, raros, Pela mansão do Bem, pelos espaços claros. Perfumes excelentes, Perfumes dos melhores Perfumes bons de incógnitos Orientes. Matéria, não deplores O viver natural dos vegetais alegres; Eles são mais ditosos Que os nababos e reis nos seus coxins pomposos; E por mais que tu regres O matéria fatal, a tua vida inteira, No rigor da higiene; E por mais que a maneira Do teu grande existir, desse existir - perene De ironias e pasmos, Explosões de sarcasmos Tu completes, matéria - ó humanidade ousada Com a ciência altanada; E por mais que no século, Tu mergulhes a idéia, o prodigioso espéculo, Será sempre maior e exuberante e forte, Ó matéria fatal, Essa vida tão rica Que se corporifica Na valente coorte Do poder vegetal. Era um botão feliz, Cuia roseira, impávida, Ébria de aromas bons, ébria de orgulhos - ávida De completa fragrância, Palpitava com ânsia Desde a própria raiz. E entanto o sol tombara e triunfantemente Como um supremo Rubens, Jorrando à curvidade etérea do poente, O ouro e o escarlate, aprimorando as nuvens, Numa distribuição simpática de cores, De tintas e de luzes De galas e fulgores Rubros como o estourar dos férvidos obuses. O cérebro em nevrose, No pasmo que precede a augusta apoteose De uma excelsa visão perfeitamente bela, De uma excelsa visão em límpidos doceis, Exaltava o acabado artístico da Tela E o gosto dos pincéis. Caíam da amplidão em névoas singulares Os pálidos crepúsculos. Os fúlgidos altares Do homem primitivo - a relva, o prado, o campo Onde ele ia buscar a força de uma crença Que então lhe iluminasse a alma escura e densa, Morriam de clarões - os poderosos músculos Da fértil mãe de tudo - a natureza ingente - Deixavam de bater. - O olhar do pirilampo Oscilava, tremia - azul, fosforescente. As sombras vinham, vinham, Lembrando um batalhão d'espectros que caminham E a casta nitidez sintética das cousas Tomava a proporção das funerárias lousas. Completara-se então o mais extraordinário, O mais extravagante, Dos fenômenos todos: A noite. - Enfim descera a treva do Calvário, A treva que envolveu o Cristo agonizante. Coaxavam negras rãs nos charcos e nos lodos. A abóbada espaçosa, a física amplitude, Mostrava a profundez da angústia de ataúde De um operário pobre, Quando se escuta o dobre Amplíssimo e funéreo, Sinistro e compassado, Rolar pela mansão gloriosa do mistério, Assim com um soluço aflito, estrangulado. Devia ser, devia Por uma noite assim, Como esta noite igual, Que derramou Maria A lágrima da dor, - que o célebre Caim Sentiu dentro do crânio as convulsões do Mal. Mas o botão de rosa, Traído pelo estranho zéfiro da sorte, Rolou como uma cisma Intensa e luminosa Ardente e jovial em que a razão se abisma E foi cair, cair no pélago da morte, Em um dos mais raivosos, Em um dos mais atrozes Rios impetuosos, Cheios de surdas vozes, Sozinho, em desamparo, assim como um proscrito, Em meio à placidez Dos astros no infinito E à mesma irracional e fúnebre mudez. Depois e além de tudo, Além do grave aspecto inteiramente mudo, Ao tempo que morria O cândido botão - em um dos tantos galhos Virentes da roseira - alegre no ar se abria Um outro que ostentava as pétalas sedosas, As pétalas gracis de cores deliciosas, De cores ideais. As auras musicais Passavam-lhe de leve, Nos tímidos rumores, De um ósculo mais breve. E dentre a exposição das delicadas flores, Das rosas - o botão Aberto ultimamente às cúpulas austeras, Às plagas da esperança, a irmã das primaveras, Pendido um quase nada, esbelto na roseira, Mostrava aquela unção, A ínclita maneira De quem se glorifica Subindo ao céu azul da majestade pura, Da eterna exuberância, Da fonte sempre rica, Da esplêndida fartura Da luz imaculada - a egrégia substância Que faz das almas claras Pela fecundidade olímpica do amor, Magníficas searas, De onde se difunde à vida sempiterna, À vida essencial, à lei que nos governa, À idéia varonil do poeta sonhador. A arte especialmente, esse prodígio, atriz, Como o botão de rosa Tão meigo e tão feliz, Pode ser arrojada e brutalmente, ao pego, Na treva silenciosa, Onde o espírito vai, atordoado e cego, Cair, entre soluços, Como um colosso ideal tombado ao chão de bruços, Ou pode equilibrar-se em admirável base Estética e profunda, Assim, bem como o outro, à mais radiosa altura. Deves sondá-la bem nesta segunda fase. Precisas para isso uma alma mais fecunda. Precisas de sentir a artística loucura... |
AO DECÊNIO DE CASTRO ALVES
Quem sempre vence é o porvir!
No espadanar das espumas Que vão à praia saltar! Nos ecos das tempestades Da bela aurora ao raiar, Um brado enorme, profundo, Que faz tremer todo o mundo Se deixa logo sentir! É como o brado solene, Ingente, Celso, perene, É como o brado: - Porvir! Pergunta a onda: - Quem é?.., Responde o brado: - Sou eu! Eu sou a Fama, que venho C'roar o vate, o Criseu! Dormi, meu Deus, por dez anos E da natura os arcanos Não posso todos saber! Mas como ouvisse louvores De glória, gritos, clamores, Também vim louros trazer. Fatalidade! - Desgraça! Fatalidade, meu Deus! Passou-se um gênio tão cedo, Sumiu-se um astro nos céus! As catadupas d'idéias, De pensamento epopéias Rolaram todas no chão! Saindo a alma pra glória Bradou pra pátria - vitória! Já sou de vultos irmãos! Foi Deus que disse: - Poeta, Vem decantar a meus pés. Na eternidade há mais luz, Dão mais valor ao que és. Se lá na terra tens louros, Receberás cá tesouros De muitas glórias até! Terás a lira adorada C'o divo plectro afinada De Dante, Tasso e Garret! Então na terra sentiu-se UM grande acorde final! O belo vate brasílio Pendeu a fronte imortal! O negro espaço rasgou-se E aquele gênio internou-se Na sempiterna mansão. A sua fronte brilhava E o áureo livro apertava Sereno e ledo na mão... E o mundo então sobre os eixos Ouviu-se logo rodar! É que ele mesmo estremece A ver um vulto tombar. É que na queda dos entes Que são na vida potentes, Que têm nas veias ardor, Há cataclismos medonhos Que só sentimos em sonhos Mas que nos causam terror!... E o coração s'estortega E s'entibia a razão! No peito o sangue enregela E logo a história diz: - Não! Não chore a pátria esse filho, Se procurou outro trilho Também mais glória me deu! E quando os séculos passarem Se hão de tristes curvarem Enquanto alegre só eu?... Oh! Basta! Basta! Silêncio! Repousa, vate, nos Céus! Que muito além dos espaços Os cantos subam dos teus! Se nesta vida d'enganos Não são bastante os humanos Pra te render ovações! Perdoa os fracos, ó gênio, Que pra cantar teu decênio Somente Elmano ou Camões! |
BRAÇOS
Braços nervosos, brancas opulências,
brumais brancuras, fúlgidas brancuras, alvuras castas, virginais alvuras, latescências das raras latescências. As fascinantes, mórbidas dormências dos teus abraços de letais flexuras, produzem sensações de agres torturas, dos desejos as mornas florescências. Braços nervosos, tentadoras serpes que prendem, tetanizam como os herpes, dos delírios na trêmula coorte ... Pompa de carnes tépidas e flóreas, braços de estranhas correções marmóreas, abertos para o Amor e para a Morte! |
ENCARNAÇÃO
Carnais, sejam carnais tantos desejos,
carnais, sejam carnais tantos anseios, palpitações e frêmitos e enleios, das harpas da emoção tantos arpejos... Sonhos, que vão, por trêmulos adejos, à noite, ao luar, intumescer os seios láteos, de finos e azulados veios de virgindade, de pudor, de pejos... Sejam carnais todos os sonhos brumos de estranhos, vagos, estrelados rumos onde as Visões do amor dormem geladas... Sonhos, palpitações, desejos e ânsias formem, com claridades e fragrâncias, a encarnação das lívidas Amadas! |
VELHAS TRISTEZAS
Diluências de luz, velhas tristezas
das almas que morreram para a luta! Sois as sombras amadas de belezas hoje mais frias do que a pedra bruta. Murmúrios ncógnitos de gruta onde o Mar canta os salmos e as rudezas de obscuras religiões — voz impoluta de todas as titânicas grandezas. Passai, lembrando as sensações antigas, paixões que foram já dóceis amigas, na luz de eternos sóis glorificadas. Alegrias de há tempos! E hoje e agora, velhas tristezas que se vão embora no poente da Saudade amortalhadas! ... |
DANÇA DO VENTRE
Torva, febril, torcicolosamente,
numa espiral de elétricos volteios, na cabeça, nos olhos e nos seios fluíam-lhe os venenos da serpente. Ah! que agonia tenebrosa e ardente! que convulsões, que lúbricos anseios, quanta volúpia e quantos bamboleios, que brusco e horrível sensualismo quente. O ventre, em pinchos, empinava todo como réptil abjecto sobre o lodo, espolinhando e retorcido em fúria. Era a dança macabra e multiforme de um verme estranho, colossal, enorme, do demônio sangrento da luxúria! |
FLOR DO MAR
És da origem do mar, vens do secreto,
do estranho mar espumaroso e frio que põe rede de sonhos ao navio e o deixa balouçar, na vaga, inquieto. Possuis do mar o deslumbrante afeto, as dormências nervosas e o sombrio e torvo aspecto aterrador, bravio das ondas no atro e proceloso aspecto. Num fundo ideal de púrpuras e rosas surges das águas mucilaginosas como a lua entre a névoa dos espaços... Trazes na carne o eflorescer das vinhas, auroras, virgens músicas marinhas, acres aromas de algas e sargaços... |
DILACERAÇÕES
Ó carnes que eu amei sangrentamente,
ó volúpias letais e dolorosas, essências de heliotropos e de rosas de essência morna, tropical, dolente... Carnes, virgens e tépidas do Oriente do Sonho e das Estrelas fabulosas, carnes acerbas e maravilhosas, tentadoras do sol intensamente... Passai, dilaceradas pelos zelos, através dos profundos pesadelos que me apunhalam de mortais horrores... Passai, passai, desfeitas em tormentos, em lágrimas, em prantos, em lamentos em ais, em luto, em convulsões, em dores... |
SINFONIAS DO OCASO
Musselinosas como brumas diurnas
descem do ocaso as sombras harmoniosas, sombras veladas e musselinosas para as profundas solidões noturnas. Sacrários virgens, sacrossantas urnas, os céus resplendem de sidéreas rosas, da Lua e das Estrelas majestosas iluminando a escuridão das furnas. Ah! por estes sinfônicos ocasos a terra exala aromas de áureos vasos, incensos de turíbulos divinos. Os plenilúnios mórbidos vaporam ... E como que no Azul plangem e choram cítaras, harpas, bandolins, violinos ... |
ACROBATA DA DOR
Gargalha, ri, num riso de tormenta,
como um palhaço, que desengonçado, nervoso, ri, num riso absurdo, inflado de uma ironia e de uma dor violenta. Da gargalhada atroz, sanguinolenta, agita os guizos, e convulsionado salta, gavroche, salta clown, varado pelo estertor dessa agonia lenta ... Pedem-se bis e um bis não se despreza! Vamos! retesa os músculos, retesa nessas macabras piruetas d'aço. . . E embora caias sobre o chão, fremente, afogado em teu sangue estuoso e quente, ri! Coração, tristíssimo palhaço. |
MÚSICA DA MORTE
A música da Morte, a nebulosa,
estranha, imensa música sombria, passa a tremer pela minh'alma e fria gela, fica a tremer, maravilhosa ... Onda nervosa e atroz, onda nervosa, letes sinistro e torvo da agonia, recresce a lancinante sinfonia sobe, numa volúpia dolorosa ... Sobe, recresce, tumultuando e amarga, tremenda, absurda, imponderada e larga, de pavores e trevas alucina ... E alucinando e em trevas delirando, como um ópio letal, vertiginando, os meus nervos, letárgica, fascina ... |
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Além deste material acima, quero disponibilizar o livro OBRA COMPLETA VOL.1 - POESIA
http://www.youblisher.com/p/972590-OBRA-COMPLETA-VOL-1-CRUZ-E-SOUZA-ANTONIO-CABRAL-FILHO-2014/
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